
A postura do paciente na psicanálise
A postura do paciente
A postura do paciente na psicanálise é um aspecto fundamental para o processo terapêutico. Na abordagem psicanalítica, o paciente é encorajado a se deitar em um divã, enquanto o analista fica sentado atrás dele, fora do seu campo de visão. Esse arranjo físico tem como objetivo permitir que o paciente se concentre em seus pensamentos, sentimentos e associações livremente, sem distrações ou interrupções.
Além disso, a postura do paciente na psicanálise envolve uma atitude de abertura e autoexploração. O paciente é convidado a falar livremente sobre suas experiências passadas e presentes, seus desejos, fantasias, medos e conflitos internos que podem estar dificultando sua vida diária. A ideia é que, ao trazer esses conteúdos à tona e examiná-los com cuidado, o paciente possa ganhar uma compreensão mais profunda de si mesmo e das fontes de seus problemas.
Em termos psicológicos, a postura do paciente na psicanálise também implica uma disposição para se tornar consciente de seus processos mentais inconscientes. Isso envolve reconhecer que muitas das nossas escolhas e comportamentos são influenciados por impulsos e desejos que não estão totalmente sob nosso controle consciente. Ao explorar esses conteúdos inconscientes e trazê-los à luz da consciência, o paciente pode aprender a lidar melhor com eles e a tomar decisões mais informadas sobre sua vida.
Em resumo, a postura do paciente na psicanálise é caracterizada por uma atitude de abertura e autoexploração, que visa trazer à consciência conteúdos inconscientes que possam estar afetando sua vida diária. Essa postura é fundamental para o sucesso do processo terapêutico e pode ajudar o paciente a ganhar uma compreensão mais profunda de si mesmo e a superar os obstáculos que estão impedindo seu crescimento pessoal e emocional.
Objetivos da terapia
Segundo Yalom:
“O objetivo da terapia não é mudar o paciente, mas ajudá-lo a confrontar a realidade” – Irvin Yalom
Essa citação de Irvin Yalom, um dos principais psicoterapeutas contemporâneos, destaca que o papel do terapeuta não é impor mudanças no paciente, mas ajudá-lo a lidar com a realidade de sua vida. Ao enfrentar a verdade sobre si mesmo e suas circunstâncias, o paciente pode encontrar a força para fazer escolhas mais saudáveis e construtivas.
Referência: Yalom, I. D. (2002). A cura pelo encontro. Porto Alegre: L&PM.
Rogers, ainda, afirma:
“Nunca se pode saber o suficiente sobre uma pessoa” – Carl Rogers
Esta frase de Carl Rogers, fundador da abordagem centrada na pessoa, enfatiza a importância de entender profundamente a perspectiva de cada indivíduo. Para Rogers, a empatia e a compreensão empática são cruciais para criar uma relação terapêutica saudável e eficaz.
Referência: Rogers, C. R. (1961). On becoming a person: A therapist’s view of psychotherapy. Boston: Houghton Mifflin.
Por fim, o pai da psicanálise, Freud, afirma:
“O inconsciente é o repositório de nossas emoções e impulsos inaceitáveis, e é a partir dele que as neuroses surgem” – Sigmund Freud
Essa famosa declaração de Freud ilustra sua crença central de que grande parte de nossa vida mental é governada por processos inconscientes de pensamento e sentimento. Para Freud, a psicanálise visa trazer à consciência esses conteúdos inconscientes para que possam ser compreendidos e integrados em uma personalidade saudável.
Referência: Freud, S. (1915). O inconsciente. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 14.
Essas são apenas algumas citações de psicanalistas notáveis. Cada uma delas destaca um aspecto importante do trabalho da psicanálise e pode ser usada para refletir sobre a natureza da terapia e o papel do terapeuta e do paciente.
Sinais emitidos pelos pacientes
Muitas vezes, os pacientes vão demonstrar a presença da resistência pela posição que assumem no divã. Rigidez, contração muscular, o corpo encolhido como proteção contra uma ameaça. Tudo isso pode indicar defesas. Acima de tudo, qualquer posição inalterada, que é mantida durante toda uma sessão ou sessão após sessão, é sempre um sinal de resistências, a sua postura muda um pouco durante a sessão. Movimentos excessivos também indicam que alguma coisa está sendo descarregada em movimentos e não em palavras.
A discrepância entre a postura e o conteúdo verbal também é um sinal de resistência. O paciente que fala com suavidade sobre algum fato mas que se contorce e se mexe, está contando apenas um fragmento de uma história. Seus movimentos parecem estar contando a outra parte da narrativa. Mãos apertadas, braços cruzados, apertados contra o peito, tornozelos encostados, são indicações de desejos (…). Tudo isto foi referenciado por Ralph Greenson, bem demonstram as resistências manifestas em gestos.
Importante é sentirmos a necessidade de explicar – quando Greenson refere-se a “encontrar-se o paciente relatando fragmentos de uma história”, contando o restante com os gestos, contrações e, o que faltou ser citado, inspirações profundas, “tossidelas”, “fungações”, “estalar de dedos”…
A interpretação de sinais emitidos por pacientes
A interpretação dos sinais emitidos por pacientes na clínica psicanalítica é uma habilidade fundamental do psicanalista. Através da observação cuidadosa de sua linguagem verbal e não verbal, bem como das associações livres do paciente e das informações do histórico pessoal, o psicanalista busca compreender os processos mentais subjacentes ao comportamento e às emoções do paciente.
Alguns dos sinais que podem ser interpretados incluem:
- conteúdo latente ou implícito dos sonhos: Os sonhos são considerados material importante para a análise porque refletem pensamentos e sentimentos inconscientes. O psicanalista procura identificar a simbologia presente nos sonhos e inferir seu significado latente.
- As associações livres do paciente: Quando o paciente se coloca em posição de falar livremente sobre sua vida, os pensamentos, experiências e emoções são expressos sem censura e sem filtros. O psicanalista procura compreender as associações livres do paciente e relacioná-las ao seu passado e ao desenvolvimento da personalidade.
- As resistências do paciente: Apesar de estar buscando ajuda, o paciente pode resistir a revelar determinados aspectos de si mesmo, devido a questões como vergonha, culpa ou medo. O psicanalista procura identificar essas resistências, enquanto tenta ajudar o paciente a superá-las e a prosseguir com o tratamento.
- As transferências do paciente: As transferências referem-se aos sentimentos e desejos que o paciente projeta no analista durante o processo terapêutico. Essas transferências podem ser positivas, como um sentimento de amor ou admiração pelo analista, ou negativas, como raiva ou frustração. O psicanalista procura identificar essas transferências e ajudar o paciente a compreendê-las para que possam ser trabalhadas.
Em geral, a interpretação dos sinais emitidos pelo paciente na clínica psicanalítica é uma tarefa complexa que exige do terapeuta sensibilidade, experiência e habilidade em lidar com materiais simbólicos. É importante lembrar que cada paciente é único, e que o processo de interpretação deve ser adaptado às suas necessidades individuais, considerando sempre o contexto da terapia e as particularidades do momento presente.
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