
A teoria da Técnica Psicanalítica
A teoria da técnica psicanalítica é um conjunto de princípios e procedimentos que guiam a prática clínica em psicanálise. Ela se baseia na ideia de que os processos mentais inconscientes são fundamentais para entender e tratar os problemas emocionais e comportamentais dos pacientes.
Técnica Psicanalítica
Existem várias técnicas e abordagens utilizadas pelos terapeutas em psicanálise, mas algumas das mais comuns incluem:
- A livre associação: Essa técnica envolve o paciente falar livremente sobre seus pensamentos, emoções e experiências durante as sessões sem julgamento ou censura. O objetivo é permitir que o paciente expressar livremente seus pensamentos e sentimentos sem a interferência de mecanismos de defesa inconscientes, como a negação ou repressão.
- A interpretação dos sonhos: Os sonhos são considerados uma janela para a vida mental inconsciente do paciente, e a interpretação dos símbolos e conteúdos oníricos pode ajudar a compreender questões emocionais reprimidas ou conflituosas.
- A análise da transferência: A transferência é a projeção de sentimentos, desejos e expectativas do paciente em relação ao terapeuta. Esse fenômeno é visto como uma oportunidade para explorar conteúdos emocionais reprimidos e promover mudanças positivas.
- A análise da resistência: A resistência é vista como um processo natural que o paciente utiliza para evitar o acesso a conteúdos emocionais difíceis ou dolorosos. A análise da resistência permite que o terapeuta identifique esses mecanismos de defesa e utilize técnicas para ajudar o paciente a superá-los.
- A interpretação das transferências negativas: As transferências negativas são projeções de sentimentos hostis ou rejeitantes do paciente em relação ao terapeuta, geralmente associadas a experiências de desapontamento ou traição em relações passadas. A interpretação dessas transferências pode ajudar o paciente a lidar com emoções difíceis e promover mudanças construtivas.
Exemplos de casos clínicos
Um exemplo ilustrativo da aplicação da técnica psicanalítica é o caso clínico descrito por Sigmund Freud em “A História do Pequeno Hans”. O paciente, um menino de cinco anos, sofria de fobias e ataques de pânico relacionados a cavalos e carruagens. Utilizando a técnica da associação livre, Freud explorou os conteúdos emocionais inconscientes relacionados às fobias do menino. Ele descobriu que as fobias estavam relacionadas a conflitos emocionais não resolvidos entre o menino e seu pai, bem como suas fantasias sexuais e agressivas em relação à mãe.
Outro exemplo é o caso clínico relatado por Jacques Lacan em seu livro “O Seminário, Livro 1: Os Escritos Técnicos de Freud”. O paciente apresentava uma fobia de cair e um medo irracional de viajar de trem. Utilizando técnicas de análise da transferência e interpretação dos sonhos, Lacan identificou questões emocionais reprimidas relacionadas à infância do paciente e sua relação com a figura paterna. Ele ajudou o paciente a compreender e lidar com essas emoções, permitindo que ele superasse suas fobias.
Objetivos da terapia psicanalítica
A terapia psicanalítica é uma terapia causal; ela procura desfazer as causas da neurose. É seu objetivo solucionar os conflitos neuróticos do paciente, incluindo a neurose infantil que serve de núcleo à adulta. Solucionar os conflitos neuróticos significa juntar ao ego consciente aquelas parcelas do id, superego e ego inconsciente que ficaram excluídas dos processos de amadurecimento da parte restante saudável da personalidade total.
Segundo Freud, o psicanalista aborda os elementos inconscientes através de seus derivativos. Todos os componentes reprimidos do id e do ego produzem derivativos – “meio-irmãos”. Não estão conscientes e, mesmo assim, estão muito bem-organizados de acordo com o processo secundário e acessíveis ao ego consciente.
Técnica psicanalítica: a associação livre
O principal procedimento que o psicanalista exige do paciente é a associação livre. Charles Ricroft inicia afirmando que “a tradução equivocada de Brill da “Freier Einfall”, de Freud, versão que, no entanto, se tornou termo aceito em inglês. Einfall significa “irrupção”, ideia repentina, e não “associação”; o conceito refere-se a idéias que nos ocorrem espontaneamente, sem esforço. Quando utilizada como termo técnico, associação livre descreve o modo de pensar incentivado no paciente pela recomendação do analista de que deve obedecer à “regra básica”, isto é, comunicar seus pensamentos sem reserva e não tentar concentrar-se enquanto assim procede. A técnica da associação livre apoia-se em três suposições:
- que todas as consequências de pensamento tendem a conduzir ao que é significante;
- que as necessidades terapêuticas do paciente e o conhecimento de que está em tratamento conduzirão seus associados no sentido do que é significante, exceto na medida em que a resistência operar;
- que a resistência é minimizada pelo relaxamento e maximizada pela concentração. Foi a adoção, por Freud, da técnica da associação livre que lhe permitiu abandonar a hipnose.
Técnica Psicanalítica: A resistência
A resistência manifesta-se durante as sessões por falhas na capacidade de o paciente associar livremente. Algumas descrições da técnica analítica fazem-na depender inteiramente da associação livre e do resultante do surgimento do “material” patogênico pertinente; isso, porém, constitui um exagero de simplificação, uma vez que:
- o analista faz interpretações e as elocuções seguintes do paciente são associações à intervenção daquele, e não livres;
- as intervenções do analista obrigam o paciente a examinar atentamente.
suas associações livres em identificação com o analista, isto é, o paciente faz duas coisas simultaneamente, ou em rápida oscilação: associação livre e reflexão. Uma formulação alternativa é que o paciente oscila entre ser o sujeito e o objeto de sua experiência, em determinado momento, deixando os pensamentos fluírem e, no seguinte, examinando-os.
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