Psique nas relações de trabalho

Discutir as relações de trabalho pelo viés da psicanálise é tarefa fundamental nos dias atuais, afinal, passamos mais de dois terços do tempo que passamos acordados envolvidos nas questões de trabalho.

Para muitos, o trabalho representa o propósito de vida, sonhos, esperanças e a realização pessoal. 

Para outros, trabalhar não é uma atividade tão prazerosa assim.

Mas afinal, o que faz com que a percepção seja tão diferente de uma pessoa para a outra?

Questões da infância, a forma como aprendemos a enxergar o trabalho, relacionamentos passados, além de diversas outras variáveis podem ser responsáveis pelo quanto estamos dispostos a enxergar a atividade de forma positiva, a nível pessoal.

Mas e no coletivo, será que o clima organizacional e as relações entre os seres humanos envolvidos contribui para uma rotina psicologicamente saudável no trabalho?

Para aqueles que são líderes, o desafio de compreender o que move seu time, aliado a compreender o que de fato o move é uma grande tarefa, pois quanto maior for seu autoconhecimento e o conhecimento daqueles que os rodeiam, melhores são as chances de sucesso na performance.

Cabe lembrar que líder e liderado são seres humanos.

O líder, ao entender que o “poder” da chefia não necessariamente o obriga a ser inacessível, pode desenvolver uma postura mais transparente e colaborativa. 

Um líder não deveria, portanto, comportar-se como um rei, e sim como um ministro, como cita Freud: “assim reis e chefes se acham possuídos de grande poder, e dirigir-se a eles diretamente significa morte para os seus súditos; mas um ministro ou outra pessoa de maior mana que o comum podem aproximar-se deles ilesos e, por sua vez, podem ser abordados por seus inferiores sem risco.”

Você que é líder, ou está a frente de uma atividade de gestão de pessoas, já sentiu dificuldade de se conectar com sua equipe, por vezes já sentiu que lhe faltam ferramentas, conhecimento para compreender o que se passa na cabeça daqueles que trabalham com você?

Freud disse “Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”, ou seja, o ser humano não é uma máquina, ele não se desconecta da sua vida pessoal ao adentrar no ambiente de trabalho.

Isso significa que o exercício de uma comunicação empática, essa que pode ser construída e melhorada a partir de um conhecimento mais profundo da psique, dos motivos e razões que nos levam a ter determinadas ações, podem auxiliar alguém em cargo de liderança a reconhecer padrões de comportamento em si e no outro. A construção de relacionamentos saudáveis perpassa pela capacidade de estes seres se conectarem por meio de uma comunicação respeitosa.

Isso não quer dizer que o gestor, uma vez compreendendo que seres humanos são movidos também por sentimentos, deve atribuir a si a responsabilidade pelas questões pessoais de cada indivíduo que o rodeia, e sim que, ao praticar o autoconhecimento, pode melhorar a si próprio para que consiga lidar com essas variáveis. 

Essa melhoria será refletida em suas relações de trabalho, e consequentemente auxiliará na melhoria do clima organizacional.

Mas e se, ao me autoconhecer, perceber que não tenho perfil de liderança?

Tudo bem, o importante é compreender os motivos e razões que nos levam a seguir em frente.

O estudo da psicanálise pode ser uma grande ferramenta para a compreensão de questões que envolvem, inclusive, as relações de trabalho.

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