Psicanálise no ensino-aprendizagem
Os conceitos de transferência e contratransferência
Pensar sobre os conceitos de transferência e contratransferência da Psicanálise no ensino-aprendizagem permite uma reflexão sobre a relação transferencial entre professor e aluno em sala de aula, tendo em vista como tal vínculo afetivo pode auxiliar na educação.
Antes de tratar da transferência e da contratransferência na prática da educativa, é importante retomar esses dois conceitos na teoria freudiana. A primeira vez que Freud utilizou o termo transferência foi em suas conferências sobre os sonhos e em seus artigos sobre a hipnose, em que ele mencionou a importância de um bom vínculo entre o paciente e o analista.
O conceito de contratransferência foi desenvolvido simultaneamente com o conceito de transferência. Quando Freud ainda utilizava a técnica da hipnose, percebeu que os sintomas do paciente eram transferidos para o afeto com o analista.
Portanto, a transferência e a contratransferência foram desenvolvidos a partir da psicanálise. Na teoria psicanalítica, ambos tratam das manifestações inconscientes que derivam da relação da criança com seus pais, e são revividos em outro contexto, por exemplo, na relação entre professor e aluno.
Com a Psicanálise na sala de aula, a transferência e a contratransferência estão presentes no processo de ensino-aprendizagem. Ainda que esses dois conceitos sejam desconhecidos pelo educador, ainda assim, estão presentes na relação professor-aluno.
A psicanálise é uma teoria que contribuiu para a compreensão do desenvolvimento da criança e sua aprendizagem. A grande contribuição da psicanálise no ensino-prendizagem ocorre por meio da ética profissional, o que gera mudanças de postura nos projetos afetados por ela.
Transferência e contratransferência na sala de aula
A psicopedagogia é a área de conhecimento que se preocupa com o processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de um campo de estudo interdisciplinar, que visa compreender o sujeito e a aprendizagem ao longo de sua vida.
Freud afirmava que, em qualquer tipo de relação, existem elementos transferenciais que se manifestam a partir dos conteúdos inconscientes de ambas as partes e se comunicam, constantemente, com os conteúdos inconscientes. Esse processo ocorre na relação entre professor e aluno.
O professor ocupa um lugar de autoridade para seus. O papel do professor é similar ao dos pais na infância do indivíduo. Desse modo, o aluno transfere para o professor sua relação com os objetos primários, que foram os imagos parentais.
A posição do professor como educador e sujeito do saber é transmitida ao aluno. O inconsciente do professor objetiva ensinar e educar, o que permite a ocorrência da transferência. É importante que o professor saiba que, para que a transferência ocorra, é necessário que o aluno identifique o professor como a sujeito do suposto saber.
Assim como há transferência no ensino-aprendizagem, também há a contratransferência. O professor pode transferir e contratransferir os afetos, de modo que ficam evidentes os afeitos decorrentes do vínculo entre professor e aluno.
No processo da psicanálise no ensino-aprendizagem, a transferência e a contratransferência podem ser identificadas por meio do vínculo que se estabelece na transferência dos afetos do aluno para a figura do educador. Pela contratransferência, o professor poderá expressar os seus afetos na figura do aluno, o que poderá dificultar a realização das práticas pedagógicas, interferindo também no ensino-aprendizagem.
Psicanálise na sala de aula: a relação entre professor e aluno
É muito importante que os educadores reconheçam e compreendam o fenômeno transferencial na prática educativa. O campo transferencial tem por objetivo criar as condições psicológicas necessárias para que a relação entre professor e aluno seja criada.
Nesse sentido, a psicanálise na sala de aula se faz presente, na medida em que ela pode auxiliar a compreender melhor a relação entre professor e aluno, que se trata de um vínculo essencial, sobretudo, no processo de aprendizagem do aluno.
Na escola, podem ocorrer situações em que o aluno se comporta junto ao professor como se estivesse diante da figura da mãe ou do pai, as quais também são figuras de autoridade na vida do aluno. Eventualmente, o professor intervém e convoca a atenção do aluno para que ele compreenda os limites na sua relação com o educador.
Dentre os tipos de transferência, destacam-se a transferência positiva e negativa. Pensando nesses conceitos aplicados ao contexto da psicanálise no ensino-aprendizagem, é possível identificar que o aluno pode manifestar tanto a transferência positiva quanto a negativa.
A transferência positiva será criada pelo aluno por meio do amor que este sente pelo professor. O educando projeta no educador os afetos que provém da relação entre pai e filho.
A recusa por parte do educando pode representar uma atitude que se manifesta como rejeição ao proposto pelo professor. Então, o aluno age com indisciplina e descaso, desrespeitando o professor. Esse, por sua vez, cria aversão àquele, repelindo-o. A ocorrência desses fenômenos impedem a instalação da transferência e, consequentemente, a transmissão do saber, causando prejuízo ao processo de psicanálise no ensino-aprendizagem.
Conforme já exposto, a transferência e a contratransferência permeiam a relação entre professor e aluno, tornando-se fundamental para o processo ensino-aprendizagem. Professores que tenham uma orientação e tragam a psicanálise para a sala de aula adquirem mais chances de evitar situações que dificultem o processo ensino-aprendizagem.
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