A psicanálise clínica com bebês
Bebês podem ser analisados pela psicanálise?
Já parou para pensar se os bebês podem ser analisados pela psicanálise? A psicanálise dos bebês é uma abordagem que se volta para o estudo do desenvolvimento emocional dos bebês e das crianças pequenas. Essa abordagem foi iniciada por psicanalistas como Melanie Klein, Donald Winnicott e Françoise Dolto.
Essa é uma área dentro dos estudos psicanalíticos que reconhecem que os bebês possuem uma vida emocional desde o nascimento e que as relações na primeira infância e suas primeiras experiências são fundamentais para o desenvolvimento de sua personalidade.
Os psicanalistas que trabalham com a psicologia do bebê se concentram no estudo das interações entre o bebê e seu cuidador que, primordialmente, deve ser a figura da mãe. Para compreender a psique dos bebês é preciso observar sinais não-verbais de comunicação e comportamento.
Uma das principais noções da psicanálise dos bebês é a de que, na primeira infância, a criança é um sujeito ativo em seu próprio desenvolvimento, sendo que as experiências do bebê são processadas emocionalmente e armazenadas em sua mente.
Tendo em vista o estudo da personalidade, alguns psicanalistas começaram a estudar a dinâmica emocional e psicológica do bebê e descobriram o quanto era valioso analisar a psicologia dos bebês, para ajudar a entender a formação da personalidade e como, posteriormente, as experiências da primeira infância afetam o desenvolvimento infantil.
A relação mãe-bebê segundo Winnicott
Winnicott foi um psicanalista inglês que se dedicou ao estudo da relação entre a mãe e o bebê. Para Winnicott, a relação entre a mãe e o bebê nos primeiros anos de vida é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança.
A primeira relação do bebê, que se inicia no colo da mãe, é a primeira etapa para a formação de uma personalidade saudável. Winnicott argumentou que a relação com a mãe tem um papel crucial no desenvolvimento emocional do bebê.
Segundo o psicanalista inglês, nos primeiros meses de vida, o bebê é incapaz de se adaptar sozinho ao mundo externo, de modo que ele depende completamente dos cuidados da figura materna. A essa fase, Winnicott deu o nome de fase do “objeto total”, na qual o bebê vê a mãe como uma extensão de si mesmo.
Nesse sentido, o ego materno funciona como uma espécie de ego auxiliar, que deverá apoiar o bebê até que ele seja capaz, de forma independente, de se sentir real e pleno no mundo em que ele vive.
Winnicott também desenvolveu outros dois conceitos que são muito importantes na sua teoria. Um desses conceitos é o “holding” ou “segurar”, que se refere ao cuidado materno que proporciona uma sensação de segurança e conforto ao bebê. Winnicott afirmou que a mãe deve ser capaz de responder às necessidades do bebê adequadamente, proporcionando-lhe um ambiente seguro e amoroso.
O “holding” é necessário para que seja fornecido um ambiente seguro, acolhedor e protetor para o bebê, atendendo às necessidades básicas do lactente. Com isso, o bebê adquire a sensação de continuidade e de confiabilidade para existir.
Ainda na primeira infância, a criança precisa do “holding” para que ela possa desenvolver suas capacidades cognitivas e aprenda, aos poucos, a se relacionar com as pessoas ao seu redor. Em contrapartida ao conceito de “holding”, está o conceito de “handling”.
Winnicott criou o conceito de “handling” para referir-se à forma como os cuidadores manipulam fisicamente os bebês, ou seja, como carregá-los, acalentá-los e brincar com eles adequada e sensivelmente.
As interações físicas são muito importantes para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança e podem ter um impacto duradouro ao longo de sua vida. O “handling” enfatiza a importância de um cuidado que deve ser atencioso e sensível para o desenvolvimento saudável do bebê.
Para a psicanálise winnicottiana, tanto o “holding”, quanto o “handling” são aspectos complementares do cuidado parental, que devem ser ofertados de forma equilibrada para que a criança possa se desenvolver de maneira saudável e íntegra.
Por meio de uma boa combinação entre esses dois conceitos, a criança é capaz de desenvolver sua criatividade, sua capacidade de adaptação e a sua autoestima. Por isso, o manejo com o bebê é imprescindível para que seja formado uma criança e um futuro adulto capaz de se relacionar positivamente com o mundo exterior.
A observação dos bebês para a teoria psicanalítica
A observação dos bebês foi uma imensa contribuição para o estudo da psique humana. Winnicott é renomado justamente por seus estudos voltados para a psicologia dos bebês e, apesar de seguir a metapsicologia freudiana, criou um paradigma inovador para a psicanálise.
Por meio de seus estudos, Winnicott procurou realizar diversas pesquisas sobre a natureza humana em si e, com a análise dos bebês, ele conseguiu perceber que já no início da vida podem existir psicopatologias e desordens de caráter psicológico, caso o bebê não tenha os cuidados necessários para assegurar sua existência e a continuidade dela.
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