O amor-próprio para a psicanálise
O significado do amor-próprio para a psicanálise
O amor é um tema muito importante para a psicanálise. O significado do amor-próprio na psicanálise está relacionado com a prática do autocuidado e do autoconhecimento. Ao longo nossa vida, é necessário que tenhamos nos sentido amados e acolhidos por aqueles que foram responsáveis pela nossa criação.
A relação com os pais é o vínculo primordial da vida da criança, sendo que, para que ela aprenda a se amar, é necessário que ela tenha se sentido amada pelos pais ou cuidadores. Se essa relação falhou no passado, na fase adulta, o indivíduo sentirá dificuldade para amar a si mesmo.
Na clínica psicanalítica, o amor ocupa um espaço muito expressivo, uma vez que na teoria freudiana existe o amor de transferência, por meio do qual a psicanálise recoloca o fenômeno amoroso no seio da experiência terapêutica para viabilizar a cura do paciente.
Na psicanálise, o amor-próprio é sinônimo de autocuidado. Quando temos respeito e carinho por quem realmente somos, com as nossas qualidades e defeitos, e aprendemos a acolher a totalidade da nossa personalidade com tudo aquilo que a compõe, o amor-próprio será desenvolvido naturalmente. Se nos cobramos demais e não aprendemos a respeitar as nossas fragilidades e a nos valorizarmos na nossa unicidade, então, o desenvolvimento do amor-próprio será um processo muito mais trabalhoso.
Sentir prazer em ser quem realmente somos e estar bem com nós mesmos não é uma tarefa fácil. Trata-se da construção da relação mais importante que existe na nossa vida que é, justamente, a relação que temos conosco. Para viver uma vida saudável, é necessário que sejam criados bons vínculos sociais e familiares. No entanto, a relação primordial que vai mostrar o êxito do amor-próprio é a relação que o indivíduo tem consigo mesmo. Se vivermos em paz com nós mesmos, veremos como isso será refletido na relação com os outros.
Ao ir para a análise, estamos nos encaminhando para um processo de autocuidado. Um dos objetivos do tratamento analítico é fazer com que o paciente possa desenvolver uma relação melhor e mais equilibrada consigo mesmo. Para isso, o psicanalista terá de ajudar o analisando para olhar as falhas que ocorreram no passado e que geraram obstáculos na visão que o paciente tem de si mesmo.
A importância do amor-próprio para a saúde mental
Para a manutenção de uma boa saúde mental, cultivar o amor-próprio é muito importante, porque é por meio dele que seremos capazes de nos desenvolver rumo ao amadurecimento saudável da nossa personalidade. O amor-próprio implica uma atitude de decência do indivíduo para consigo mesmo. Trata-se de um processo que demanda tempo, esforço e dedicação.
Quando falamos sobre a importância do amor-próprio, estamos tratando diretamente da nossa autoestima. É preciso que a gente aprenda a se conhecer e, por isso, o amor-próprio é uma construção que envolve o autoconhecimento.
No artigo em que tratamos sobre a importância do autoconhecimento para a psicanálise, vimos como ele também é um processo relevante para que as pessoas não só aprendam mais sobre si mesmas, mas desfrutem dessa aprendizagem para construir vínculos mais saudáveis o longo da vida.
Nesse sentido, é preciso que o indivíduo aprenda, primeiro, a se conhecer com profundidade. Precisamos saber aquilo que gostamos e o que não gostamos, e aprender a respeitar as faltas e a incompletude que fazem parte da existência de todos os seres humanos. Esse processo viabilizará a confiança do indivíduo consigo mesmo, de modo que ele tenha autenticidade para expor a sua personalidade ao mundo.
O autocuidado está diretamente relacionado ao desenvolvimento do amor-próprio. Na medida em que aprendemos a nos cuidar e respeitamos de forma acolhedora todos os aspectos da nossa personalidade, melhor será a relação que estabelecemos conosco.
É importante dizer que o amor-próprio não versa sobre egocentrismo ou uma valorização exagerada de si mesmo. O amor-próprio é a construção de uma relação saudável do indivíduo para com ele mesmo, em que seja possível o acolhimento da sua totalidade. Isso significa que é preciso reconhecer tanto o lado bom da nossa personalidade quanto o lado ruim. Aceitar as nossas falhas e imperfeições é uma forma genuína de ressignificar a relação que temos com nós mesmos.
Portanto, cultivar o amor-próprio é um processo que envolve reconhecer os nossos defeitos e também as nossas qualidades. É sobre acolher os desafios da nossa personalidade. Por isso, amar a si mesmo está longe de ser uma prática utópica. Aprender a amar a si mesmo exige reconhecer toda a complexidade da própria personalidade.
O amor-próprio e a prática psicanalítica
Na perspectiva freudiana, o amor é a essência da cura do paciente no processo de análise. Na psicanálise, o amor está relacionado com o ego e suas fontes de prazer. Na metapsicologia de Freud, a fonte do amor é originalmente narcisista, e envolve o esforço empregado pelo ego para alcançar a matriz dos seus prazeres.
Aprender a desenvolver o amor-próprio é uma tarefa que pode ser realizada e aprimorada com o auxílio de um tratamento psicanalítico. A psicanálise é um método que permite que o indivíduo aprenda a se conhecer e a se aceitar em toda a sua profundidade.
Na teoria psicanalítica, o amor-próprio deve ser compreendido como uma expressão de afeto que sustenta o cuidado que o indivíduo tem para consigo mesmo. Por fim, é preciso ressaltar que o amor-próprio difere-se do ideal de narcisismo. O narcisismo opõe-se ao amor-próprio, pois o que existe para o narcisita é uma imagem idealizada que o indivíduo cria sobre si mesmo.
Podemos concluir que, para a psicanálise, o amor-próprio é fruto do autocuidado que o paciente aprende a desenvolver por si mesmo. Se você deseja ajudar as pessoas a aprenderem a praticar o autocuidado e o amor-próprio de forma responsável e autêntica, a psicanálise poderá te ajudar nesse processo. Seja nosso aluno e solicite agora a sua bolsa de estudo do curso de psicanálise do Ibrapsi.