O autismo na clínica psicanalítica
O autismo na visão da psicanálise
Compreender o autismo na visão da psicanálise demanda um olhar para os fatores históricos, políticos e éticos de um determinado lugar. Desde a sua descoberta, o autismo se transformou em um tema muito importante de saúde pública.
O surgimento do autismo na psicanálise, data dos estudos de Eugene Bleuler (1911), um psiquiatra suíço. Ao dedicar-se ao estudo da esquizofrenia, Bleuler, leitor de Freud, introduziu a causalidade psíquica na psiquiatria clássica. Ele defendia a tese da spaltung (divisão, clivagem, cisão) ou esquize do sujeito com a realidade como central nos sintomas esquizofrênicos.
O autismo foi colocado por ele na série de outros distúrbios da esquizofrenia conhecidos como os quatro “A” de Bleuler, que eram os distúrbios das associações, da afetividade e da ambivalência.
Para a psicanálise, o autismo representa uma condição em que o indivíduo se encontra em um estado de auto isolamento e recusa em relação ao mundo externo. Em outras palavras, o autismo é uma defesa contra um mundo que é percebido como ameaçador e confuso.
De acordo com os estudos psicanalíticos, o autismo é uma resposta a uma frustração ou um trauma que ocorreu em uma fase muito precoce do desenvolvimento infantil. Essa frustração pode ter levado o indivíduo a se retrair e se concentrar em si mesmo. Trata-se de uma forma de autoproteção que o indivíduo lança mão a fim de se proteger.
O autismo infantil precoce foi denominado nos Estados Unidos por Kanner como nova categoria clínica que se diferenciava da esquizofrenia. Fiel à epistemologia da clínica médica do século XX, Kanner foi o primeiro a produzir uma narrativa clínica sobre o autismo.
Os tipos de autismo
Para a psicanálise, o autismo é considerado uma psicopatologia, ou seja, uma forma de adoecimento mental que afeta a capacidade do indivíduo para se relacionar e interagir com o mundo ao seu redor.
O método psicanalítico acredita que o autismo é uma forma de defesa contra as ansiedades e angústias que surgem ao longo do desenvolvimento emocional da criança. A criança que é portadora de autismo, ao perceber a ameaça que representa o contato com o mundo exterior, cria uma espécie de barreira para se proteger das emoções, bem como dos estímulos, os quais podem ser muito ameaçadores.
O tratamento do autismo envolve o trabalho com o indivíduo para ajudá-lo a romper as barreiras que o mantém isolado do mundo. Isso pode envolver o estabelecimento de um vínculo terapêutico seguro e acolhedor, que permita ao indivíduo se sentir protegido e confiante o suficiente para começar a explorar e interagir com o mundo à sua volta.
O autismo é uma psicopatologia que se desenvolve como resultado de traumas e ansiedades precoces que afetam o desenvolvimento emocional da criança. O tratamento envolve a criação de um ambiente terapêutico que seja seguro e que sirva de apoio, permitindo ao indivíduo superar suas defesas e se abrir para o mundo externo.
No tratamento com portadores de autismo, o analista ou o médico deve saber que existem diferentes tipos de autismo, os quais podem variar pela gravidade e pelos sintomas apresentados.
O tipo mais comum de autismo é o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse tipo de autismo engloba um amplo espectro de sintomas. As pessoas com TEA têm sérias dificuldades para se comunicar, socializar e interagir com os outros. Os sintomas podem variar de leves a graves.
Outra categoria dentro do autismo é a síndrome de Asperger. A síndrome de Asperger é considerada um subtipo de autismo. Os portadores de Asperger apresentam dificuldades em entender as nuances da linguagem, empatia e interação social. No entanto, eles geralmente possuem um desenvolvimento cognitivo normal ou até mesmo acima da média.
Deve-se sempre ter em mente que cada indivíduo portador de autismo é único e pode apresentar uma combinação de diferentes sintomas e gravidade. Por isso, o diagnóstico preciso do autismo é importante para assegurar o acesso aos tratamentos e serviços adequados para suas eventuais necessidades.
O tratamento do autismo na clínica psicanalítica
Para a psicanálise, o tratamento do autismo envolve a construção de um ambiente seguro e acolhedor em que o indivíduo sinta-se protegido e apoiado pelos que estão ao seu redor. O analista trabalha a fim de ajudar o paciente a superar suas defesas e a se abrir para o mundo exterior, permitindo que ele desenvolva novas formas de interação social e emocional.
O tratamento para o autismo pode incluir uma série de abordagens e diferentes técnicas, sendo que tudo vai depender do quadro e das verdadeiras necessidades do paciente em questão.
Dentre as opções mais comuns para o tratamento do autismo destacam-se: a) a terapia comportamental, b) psicoterapia, c) terapia ocupacional e d) psiquiatria. O conjunto de uma modalidade de terapia com o tratamento medicamentoso pode apresentar muitos benefícios nos cuidados com o autismo.
O portador de autismo precisa estar em uma análise pessoal, seja comportamental, psicoterapia, psicanálise, outros; e também necessitará, por vezes, de um acompanhamento psiquiátrico, a fim de cuidar dos distúrbios de ansiedade, agressão, hiperatividade e até mesmo quadros de depressão.
Pacientes com autismo precisam de um cuidado especial, levando em consideração a abertura de um mundo em que eles se permitam existir sendo quem eles realmente são, com todas as peculiaridades da sua personalidade.
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