luto e psicanálise

O luto e a psicanálise

Como lidar com o luto?

O luto é um fenômeno que está interligado ao eixo vida e morte. Ao pensar em luto, imediatamente, já associamos à perda de um ente querido, mas a verdade é que o luto é um processo mais intenso do que apenas a ausência do objeto amado.

Trata-se da ruptura de um elo muito importante na vida de uma pessoa. A vida do enlutado passa a se tornar constantemente triste e melancólica. O sofrimento pela perda do ente querido faz com que a pessoa mergulhe intensamente na pulsão de morte e, em decorrência disso, ela se desinteressa de tudo aquilo que tem pulsão de vida.

O luto é um processo delicado e que é constituído por várias etapas. È muito importante que o indivíduo que perdeu seu ente querido esteja em acompanhamento terapêutico, pois o luto pode desencadear uma série de traumas capazes de gerar um sofrimento intenso ao enlutado, que precisa de um espaço acolhedor e do cuidado de um psicoterapeuta ou psicanalista.

Muitas vezes, além da terapia, será necessário o acompanhamento de um médico psiquiatra, uma vez que os sintomas podem comprometer seriamente a qualidade de vida do enlutado.

Muitas vezes, aquele que está passando pelo sofrimento do luto, sente a necessidade de se isolar do mundo, não sai do quarto, para de conversar com os amigos, prefere estar sempre sozinho. Esses e outros comportamentos podem gerar transtornos graves, tais como o transtorno depressivo, o qual precisará de medicação e tratamento específico.

Nesse momento, é muito importante o apoio de amigos e familiares para acalentar a dor e o sofrimento do indivíduo enlutado. Apesar de ser importante que essas figuras prestem o devido apoio, nada substitui a figura do analista, que é o profissional capacitado para auxiliar nesses casos delicados a lidar com essa relação entre luto e a psicanálise.

As etapas do luto na psicanálise

Freud ofereceu contribuições sobre a temática entre o luto e a psicanálise, sobretudo em sua obra Luto e Melancolia (1917), em que ele os diferencia. Freud descreve o luto como um momento lento e doloroso, cuja principal característica é um sentimento contínuo de tristeza.

Nesse contexto, o sujeito enlutado, normalmente, se afasta de tudo e de todos aqueles que não estão ligados à memória do objeto perdido. Com isso, o indivíduo começa a perder o interesse no mundo, o que é algo muito perigoso. Dependendo do quadro emocional, muitas pessoas podem pensar em suicídio ou abandonar de vez as tarefas básicas do cotidiano, tais como: trabalhar, estudar, socializar, dentre outros.

O enlutado está profundamente imerso na pulsão de morte, sendo que a pulsão de vida não faz sentido para ele. É muito importante que o enlutado seja capaz de elaborar o seu próprio luto e isso é uma tarefa complexa e que leva tempo. No livro Sobre a Morte e o Morrer (1969), Elisabeth Kübler-Ross trata das cinco fases de elaboração do luto, que são: 1- A negação; 2- A raiva; 3- A barganha ou a negociação a 4- Depressão e a 5- Aceitação.

Cada uma dessas fases precisa ser bem elaborada, a fim de que o luto possa ser superado e a pessoa volte a retomar suas atividades cotidianas de forma saudável. O analista é o profissional capacitado para ajudar nesse processo.

Após passar pelos estágios da perda e se tornar capaz de elaborar o luto, ao longo do tempo, o indivíduo deverá apresentar melhorias para retomar a sua vida. A dor da pessoa amada poderá voltar a machucar vez ou outra, mas o enlutado já terá capacidade de acolher a sua própria dor, em respeito ao seu próprio processo.

A importância do acompanhamento terapêutico nos casos de luto

O acompanhamento terapêutico é muito importante para que o paciente consiga elaborar o luto. Como toda a libido da vida do enlutado encontra-se investida na morte, ele não consegue mais investir suas energias na vida.

O propósito da análise será o de trazer o sujeito enlutado da estagnação causada pela morte, para que ele não permaneça mergulhado nos sentimentos de tristeza profunda e melancolia. Ao ajudar o paciente a elaborar a sua dor, o analisando se sentirá capaz de fortalecer o ego que se encontrava fragilizado.

Assim, o sujeito enlutado conseguirá trabalhar, em análise, com a sua desestruturação e a fragmentação. Perder qualquer ente querido é algo profundamente doloroso e o analisando precisa saber que ele não está sozinho. A solidariedade, apoio, carinho dos amigos e familiares é essencial. Além disso, o acolhimento por meio da escuta de um analista bem capacitado certamente fará com que o enlutado consiga atravessar esse momento tão difícil.

O analista deve estar preparado para lidar com esse tipo de demanda que é muito delicada. O terapeuta deve ter embasamento teórico, mas deve, sobretudo, sensibilizar e refinar ainda mais a sua escuta a fim de fazer com que o paciente consiga, aos poucos, elaborar os seus sentimentos e todo o processo do luto. Trata-se de uma trabalho árduo que, com dedicação ao tratamento analítico, será possível que, a partir da morte, surja uma nova vida.

Com o curso de psicanálise, você será capaz de ajudar as pessoas em processos tão delicados tais como o luto. Para isso, é importante focar no estudo teórico, na prática e na supervisão. Atender pacientes enlutados não é uma tarefa fácil, o analista deve estar em dia com os seus processos em sua análise pessoal e investir na supervisão de casos clínicos por meio da qual o analista terá um suporte para acolher esses pacientes e desenvolver um bom manejo nesse processo.

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