Conhecendo as técnicas da psicanálise

Quais são as técnicas da psicanálise?

Para entender quais são as técnicas da psicanálise, é necessário retomar um pouco do contexto histórico psicanalítico. Quando Freud desenvolveu suas pesquisas ao lado de Josef Breuer, ele teve contato com as pacientes histéricas. Nesse contexto, Freud e Breuer começaram a tratá-las com a técnica da hipnose.

A hipnose foi uma técnica inicialmente empregada para colocar os pacientes em um estado de transe, em que eles começavam a rememorar os traumas que não podiam ser lembrados com espontaneidade. Ao tratar as jovens histéricas com a técnica da hipnose, Freud e Breuer perceberam que muitos traumas estavam relacionados com conteúdos reprimidos.

No entanto, havia alguns pacientes nos quais a técnica da hipnose realmente não era eficaz, o que gerou um certo desapontamento em Freud. Diante da insuficiência da técnica hipnótica, Freud  percebeu que a análise realmente não poderia ter eficácia. 

Em um certo momento, uma das pacientes de Josef Breuer, cujo pseudônimo é Anna O., não desejava ser hipnotizada, mas apenas escutada. Esse é um momento muito importante, pois Freud percebeu que, por meio da fala, a paciente começou a revelar os seus sintomas, o que tornou o tratamento viável.

Então, Freud decidiu deixar a hipnose de lado, uma vez que percebeu que ele não era mais eficaz. Com a experiência do tratamento da paciente Anna O., Freud criou uma técnica que foi o marco do nascimento da psicanálise. Essa técnica se chamou associação livre, que consistia em deixar que o paciente falasse livremente e sem qualquer tipo de julgamento por parte do analista.

Com o advento da associação livre, a psicanálise começou a ter contornos mais nítidos em seus pressupostos, e tornou-se a cura pela fala. Então, a principal técnica da psicanálise foi a associação livre de palavras, a partir da qual o paciente tinha total liberdade para se expressar sem qualquer orientação prévia.

Conforme o paciente relatava em sua fala o que lhe causava dor e sofrimento, ele ia liberando os seus sentimentos não apenas pelas palavras, mas também pelo choro. Essa purgação de emoções foi compreendida pelo nome de método catártico, que foi de grande importância e surgiu logo após a técnica da associação livre.

Outra técnica fundamental descoberta por Freud foi a análise dos sonhos. Freud percebeu que, nos sonhos, existiam muitos conteúdos inconscientes que eram revelados de forma simbólica. Trata-se de uma das técnicas essenciais para a psicanálise, em que o analista deve interpretar o sonho e, ao fazê-lo, precisa estimular o analisando a criar associações com as imagens oníricas que revelarão conteúdos que estão profundamente enraizados em seu inconsciente.

Como devem ser usadas as técnicas na psicanálise?

As técnicas da psicanálise devem ser empregadas pelo psicanalista, que deverá ter o domínio delas para poder aplicá-las ao longo do tratamento com os pacientes. A técnica mais utilizada em psicanálise é, de fato, a associação livre. O psicanalista precisa deixar o paciente se expressar, sem interferir ou orientar o pensamento do analisando. Trata-se de uma técnica que implica a escuta do analista, que deve ser uma escuta ativa e pressupor de uma atenção flutuante.

A técnica da associação livre permitiu ao analista ter acesso ao inconsciente do analisando.  A partir da fala do paciente, os conteúdos que estavam recalcados e reprimidos começavam a se revelar, de forma que o analista precisa ser capaz de identificar esses conteúdos e trazê-los para o consciente do analisando.

Ao empregar a técnica da associação livre e identificar os conteúdos inconscientes do paciente, o analista deve perceber quando ocorre a transferência, que é uma ferramenta por meio da qual o paciente projeta sentimentos íntimos relacionados com suas figuras cuidadoras ao longo da infância. 

Essas figuras são, normalmente, os imagos parentais, que são projetados no analista e essa projeção fornece bases para que o tratamento ocorra com eficácia. É importante ressaltar que a transferência pode se tornar uma resistência por parte do paciente, e o analista precisa estar atento e conseguir identificar esse processo.

O uso das técnica na análise deve ser realizado com consciência e responsabilidade. Sobretudo, o analista precisa saber o que ele está de fato fazendo. O propósito da técnica da associação livre, ao consistir em apenas deixar o paciente falar com liberdade, precisa ser compreendido como uma prática que visa acessar o inconsciente.

Ao conferir poder para a palavra, a associação livre revelou-se como uma técnica que o psicanalista deve dominar em sua prática, para entender os desejos reprimidos do paciente e os conflitos que lhe geram sofrimento e causam o adoecimento da mente.

O psicanalista e o domínio das técnicas psicanalíticas

O psicanalista é o profissional apto para empregar as técnicas da psicanálise. Esse domínio é muito importante, pois é o que vai fornecer instrumentos para que o analista desenvolva o seu trabalho na cura dos seus pacientes.

A técnica primordial que o analista deve dominar é a associação livre que, na teoria psicanalítica, vai estimular o paciente a falar tudo o que lhe vier na cabeça ao longo da sessão. O domínio dessa técnica pressupõe que o analista jamais deve definir previamente os temas a serem trabalhados ao longo do atendimento, pois isso faria com que o analisando se sentisse forçado a trazer uma pauta já estabelecida para a sessão.

O psicanalista também deve ter o domínio da atenção flutuante, por meio da qual o analista vai trabalhar com a premissa de que os pensamentos inconscientes podem ser expressos de forma implícita em qualquer momento da fala do paciente. Desse modo, o analista não emprega esforços para focar a atenção da sua escuta em certos aspectos da fala do analisando em detrimento de outros.

Outro ponto importante a ser dominado dentre as técnica psicanalíticas é a interpretação. O objetivo básico da análise é auxiliar o paciente na reintegração dos seus conteúdos que se encontram inconscientes. A tarefa do analista é deduzir esses conteúdos por meio da fala do analisando e comunicar as interferências que forem identificadas de forma explícita, a partir de uma fala ou alusão que seja pontual e esteja no nível da interpretação.

Por fim, uma técnica fundamental para a prática do analista é a análise dos sonhos. Freud descobriu que os sonhos expressam, simbolicamente, conteúdos do inconsciente. Por isso, quando o paciente relata um sonho, este deve ser cuidadosamente analisado pelo analista a partir de certas ferramentas. O princípio desse trabalho consiste em que o analista estimule o paciente a produzir associações sobre os elementos de seu próprio sonho, a fim de facilitar a apreensão dos conteúdos que estão inconscientes no plano onírico.

A formação como psicanalista exige que o analista seja capaz de dominar essas técnicas que são essenciais para a prática psicanalítica de acordo com os moldes estabelecidos por Freud. Venha estudar no curso de psicanálise do Ibrapsi e aprenda todas as técnicas da psicanálise. Faça a solicitação da sua bolsa de estudo.